domingo, 2 de novembro de 2008

Ácido


Quando, no nascer da manhã, surgem corpos cheios de sol e de vida para viver o novo dia, ele ainda nem dormiu, mas não faz diferença.
Tudo está mais vivo, colorido e, de alguma forma, cada coisa está em seu lugar: o homem correndo sob o sol, o casal com o carrinho de bebê, o velhinho do outro lado da rua. Tudo funcionando como um filme americano... desses com final feliz.
Mas não se trata de um final. É um começo, o nascer de um dia e, voltando da lapa (que esta noite lhe parecera incrivelmente iluminada) acha que caminhar ao longo da Avenida no subúrbio tem um quê de Copacana nos 60.
O dia é lindo, a vida também é isso que importa. E essa vontade de registrar tudo isso bem registradinho também, que fique claro.
Nem essa paranoiazinha de que tudo não seja tão perfeito assim (nem sua mãe do seu lado enquanto escreve) pode macular-lhe a epifania.
Tudo muito feliz, tudo tão feliz que ele descobre, abobalhado, uma nova e rara risada de Maria Bethânia num cd que ouvira zilhões de vezes ao quadrado. Muito perfeito, pensa, não é possível.
Muito perfeito. Alegria assim as vezes é demais, perigosa. E vicia.

2 Comments:

Hudson Pereira said...

Ver você tão otimista e positivo sobre a vida é tão inédito pra mim que até me contagia. São essas surpresas que fazem valer a pena o nosso convívio pessoal e literário. Me surpreenda m,ais, não sabe como eu gosto...

Hugo said...

Hahaha! Merecia até uma troca na cor do layout! Belas palavras.